17/05/2019
Estamos em recessão e faz tempo
Economistas são bons em definições e péssimos em soluções. Existe uma definição econômica bastante boa para a situação de chove-não-molha da economia brasileira em 2019. É a recessão do crescimento. As expectativas, antes do início da gestão Bolsonaro, eram muito positivas. O Brasil tinha tudo para surpreender e chegar a uma variação do PIB, este ano, de 3% ou mais. Os cerca de 2,5% de crescimento esperados pelo mercado estavam, no entanto, em linha com outro número mágico da profissão, o chamado “PIB potencial”, aquele nível de crescimento estimado em modelos matemáticos que, sem pressionar a inflação, seria compatível com a queda do desemprego, o aumento dos investimentos e uma expansão firme do consumo e da arrecadação fiscal. Em suma, 2019 seria uma navegação em mar de almirante para o capitão do Brasil.
Não mais. E estamos cada vez mais nos afastando do tal PIB potencial. A última estimativa do levantamento Focus, feito pelo BC, dá conta de uma variação de apenas 1,7% e caindo. Daí o conceito de recessão, não com um número negativo – que seria a recessão clássica – mas uma recessão “do crescimento”, quando este fica abaixo de um potencial perfeitamente atingível, no caso, algo como 2 a 2,5%. De fato, este é o quadro atual: a indústria de transformação roda na faixa de 74% de utilização de sua capacidade, segundo recente pesquisa da FGV. O ideal seria operar mais próxima aos 85 a 90% de uso do parque fabril. O desemprego não caiu: até aumentou ligeiramente, dentro da faixa ruim em que se encontra. A perspectiva de investimento privado em nada melhorou. O Brasil, por azar, acaba de cair fora de uma lista internacional de 25 melhores destinos para investidores. O próprio presidente cometeu “sincericídio” involuntário, não medindo suas palavras, ao afirmar ser o investimento no Brasil um “esporte de altíssimo risco”.
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