08/01/2022

Observações elementares sobre o real e tenebroso cenário político para 2022

Por elementar constatação empírica, algumas observações preliminares merecem o apropriado realce, na presente conjuntura (de ano eleitoral), em cotejo com as costumeiras e facciosas narrativas de ocasião, para fins de simples derivação lógica em favor de um adequado e realista exame do intrincado cenário político vigente, em seus elementos constitutivos, tendo por base o encaixe de algumas das principais (e decisivas) peças do quebra-cabeça, devidamente parametrizadas, a saber:

a) PARTIDOS POLÍTICOS - Se os partidos políticos estivessem, realmente, comprometidos com os interesses do povo e o bem do país – e não, exclusivamente, com os de suas facções internas –, jamais teriam aprovado uma legislação que protege a corrupção e o crime (autoproteção), tampouco um escandaloso Fundo Eleitoral, alimentado com dinheiro público, à revelia da vontade popular, que os exime de conquistar suporte financeiro espontâneo, junto aos respectivos apoiadores, exclusivamente por credibilidade e mérito próprio (
como seria o desejável);

b) CULTURA POLÍTICA - Se a pandemia da Covid-19 tivesse sido enfrentada, suprapartidariamente, com a condigna e cabida reponsabilidade pública, assim como encarada, republicanamente, como uma guerra de todos (unidos) contra um único inimigo comum (o vírus) – e não, oportunisticamente, como “arma política”, a evidenciar, com cabal nitidez, a indignidade e o (mau) caráter das elites dirigentes –, o obituário de tão pesarosa estação e os escombros econômicos e sociais daí decorrentes, provavelmente, teriam sido outros;

c) PODER JUDICIÁRIO - Se o STF, a “Corte Suprema” (por dever, guardiã da ordem constitucional e do Estado de Direito) fosse, de fato (como de sua institucionalidade é esperado), decorosa, justa e isenta em sua atuação, jamais legislaria (substituindo-se ao Parlamento), ou agiria politicamente (como se partido fosse), ou interferiria em outros Poderes (de forma imperial), ou abusaria de sua autoridade (restaurando o arbítrio), ou perseguiria quem quer que seja (flertando com a tirania), ou falaria fora dos autos (em autopromoção midiática) ou, por fim, cultivaria, no próprio (e distorcido) espelho, tão famigerada (e doentia) egolatria de costume – que lhe subtrai, gradativamente, respeito, apreço e credibilidade institucional;

d) SISTEMA ELEITORAL - Se o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) visasse, acima de tudo e de todos, ao ensejado papel republicano de imparcial e incorruptível “chanceler” de defesa e validação da vontade popular expressa nas urnas (sem o que não há democracia possível), estaria terminantemente empenhado em garantir o máximo possível de transparência ao sistema de votação – com a incorporação de todos os dispositivos tecnológicos disponíveis que conferissem maior confiança ao processo –, ao contrário de protagonizar, na contramão de ofício, justo postura inversa, arrogando-se o equivocado e despótico papel de “supremo tutor” da nação, sem qualquer respaldo constitucional – e destilando tumulto, tensão e definitiva desconfiança em seu desempenho jurisdicional;

e) MEIOS DE COMUNICAÇÃO - Se as notícias veiculadas na grande mídia fossem verdades pautadas em fatos (como prescreve a ética jornalística), e não militantes e aleivosas narrativas, a hegemonia de suas versões jamais teria sido perdida para a malha polissêmica das redes sociais e de seus “vulgares” blogueiros e youtubers – como, por ela, hipocritamente, são reputados –, prescindindo-se, ademais, os donos do “quarto poder”, de ter, agora, de apelar, vergonhosamente, ao “tapetão” do Congresso Nacional e do STF para reaver, por anojoso cerceamento e censura de seus antagonistas, o monopólio perdido da informação;

f) PESQUISAS ELEITORAIS - Se os resultados das pesquisas eleitorais fossem, com efeito, minimamente fidedignos (tecnicamente verdadeiros), não haveria, por obviedade, necessidade da deflagração orquestrada de tamanha “guerra” em movimento, com arregimentação de tantas forças políticas, de todos os matizes, contra um único e seletivo adversário (o Presidente da República), já reputado, antecipadamente, por essas mesmas estatísticas oficiosas, como candidato inexoravelmente “derrotado”.

Este, pois, é o nefasto e inconfiável quadro “institucional” que se estampa no horizonte, sinteticamente diagnosticado em sua crua (e desesperançosa) realidade presente, a conformar o “nexo” e o “plexo” da dinâmica política ora em curso, com tendência à radicalização, nos meses vindouros, de seus ameaçadores e fétidos “atributos” – e sem qualquer outra perspectiva, a curto prazo, de reversão dos fundamentos balizadores de sua perniciosa substância e alarmante performance.

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